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Diaconia e missões: a trajetória do casal que serviu com paixão em tribos indígenas


“Diaconia é a palavra bíblica para servir” é assim que o pastor Walter Hery define esse termo ainda desconhecido no Brasil e até mesmo no ambiente cristão. Convidados para o encontro de amigos na Irmandade Evangélica Betânia (IEB), ele e sua esposa, Ilsedore Hery, foram convidados para participarem do evento e trazerem uma palavra especial com o tema “Movido pela esperança”. No entanto, antes de trazer a palavra para o encontro, era necessário conhecer este homem que, junto com sua esposa foi um dos fundadores da instituição.


Walter Hery e o chamado missionário


Walter Hery, nasceu durante a Segunda Guerra Mundial, em uma pequena cidade do interior da Alemanha. Ele conta que se lembra de ainda pequeno estar entre os braços da sua mãe com seu irmão e as bombas caindo sob suas cabeças. “Meu pai estava na guerra e minha mãe, assim como todas as outras mulheres da cidade, cuidava da casa sozinha. Me lembro nitidamente das bombas sendo lançadas sobre nós e ela orando, implorando a Deus para nos proteger”. Walter conta que após a guerra, ele foi uma das crianças sortudas que reencontrou com o pai. Após o conflito, ele ajudou seus pais a trabalhar na lavoura e nos afazeres domésticos, e assim começaram a reestruturar-se.


Aos treze anos de idade ele viveu seu momento de conversão com Cristo. “Na Alemanha, muitos pastores liberais pregam a Palavra de Deus de forma distorcida, por exemplo me diziam na infância que só de ser batizado já me fazia uma pessoa salva. Era uma mentira, e eu descobri isso lendo a Bíblia. Quando eu vi a passagem que falava sobre nossos nomes que estão gravados no livro da vida eu quis desesperadamente ter meu nome naquele livro e ter relacionamento com Deus. Fui até o líder de jovens e contei isso pra ele e ele me aconselhou entregar meu coração para Cristo. Eu fiz isso e naquele dia senti uma paz tão grande que andei pela cidade em minha bicicleta com os braços abertos sem segurar nos guidões sorrindo de alegria”, relembra.


A partir daquele dia Walter se inteirou integralmente ao servir, ao longo deste trabalho conheceu o trabalho das diaconisas que atuavam na região e fez boas amizades. Neste período se profissionalizou na área de mecânica, logo após fez teologia e o desejo por fazer missões transculturais cada dia aumentava em seu coração. “Conheci um missionário que voltava expulso da China e contava que havia outros países no sudeste da Ásia que estavam abertos ao evangelho, como por exemplo a Tailândia. Pensei em ir para lá e comecei a orar para Deus me capacitar para este trabalho”, conta.


Ilsedore Hery, diaconia faz parte da minha vida


Ilsedore também nasceu durante a Segunda Guerra, diferente de seu marido que era do interior, ela nasceu em Frankfurt um importante centro da Alemanha. Nos primeiros anos de vida, ela sofreu com os frequentes bombardeios que destruíram a cidade e só foi reencontrar seu pai anos depois dele ter sido libertado de um campo de soldados feitos prisioneiros. “Meu pai era diácono e depois de ser capturado na guerra foi enviado para os Estados Unidos onde se tornou o capelão dos prisioneiros. Depois do conflito, ele foi libertado e eu quase não o reconheci”, lembra.


Quando seu pai voltou para casa, a família se dedicou ainda mais ao trabalho de servir a comunidade e ajudar pessoas. Foi assim que Ilsedore desenvolveu um senso de diaconia e um desejo forte de cuidar de crianças e também pessoas. Ela decidiu fazer enfermagem e assim poder dar continuidade aos seus trabalhos. Ilsedore se converteu aos 12 anos e ao longo de seu crescimento espiritual teve grandes experiências com Cristo, em alguns momentos sua fé balançou, mas nunca desistiu. “Uma vez eu sonhei que um nativo americano segurava um arco e flecha e disparava contra mim, naquele momento Deus me perguntava se eu queria servi-lo no meio dos índios. Eu disse que sim!”, lembra.


No entanto, Ilsedore enfrentou algumas dificuldades, pois segundo médicos seu sistema imunológico era mais frágil para certas doenças tropicais e ela preferiu esperar e fazer um novo exame. “Neste tempo eu conheci Walter, meu futuro esposo”, conta.


Vida missional


O casal se lembra que assim que se conheceram, se apaixonaram e compartilharam o desejo de fazer missões. Juntos oraram, pediram confirmação de Deus e depois de outros exames confirmou-se que Ilsedore poderia servir a Cristo em terras tropicais sem risco de ter a saúde prejudicada. “Foi um milagre e uma resposta de nossas orações”, comentam.


O destino inicial era Tailândia, mas conforme o tempo passava Deus direcionava o casal e os enviou para servir as tribos indígenas no interior do Paraná. Ilsedore lembra emocionada que, inicialmente, todos achavam que uma moça de uma cidade grande não suportaria viver em meio aos indígenas numa região longínqua. “Até meu marido teve esse receio. Quando ele me contou que iríamos trabalhar em tribos indígenas, na hora me veio o sonho que tive anos atrás e minha resposta para o meu marido foi que, já tinha dito sim a Deus”, lembra Ilsedore. Por sete anos o casal serviu a Deus em meio às tribos próximas a Guarapuava, depois disso continuaram seu trabalho em outras regiões, dentre elas Curitiba.


Na capital paranaense, o pastor Walter se empenhou na construção de uma casa matriz para as diaconisas que atuavam em todo o Estado. Era necessário segundo eles que a instituição deixasse de ser um ministério da igreja e se tornasse uma instituição formalizada, com direitos e deveres definidos. “Com o incentivo de igrejas da Alemanha, compramos o lote e começamos a construir nossa casa matriz. O espaço que hoje é a Pousada Betânia, na época tinha outras finalidades, como curso de moças e um casa para idosos”, conta Walter.


Por 25 anos, Walter e sua esposa estiveram ativos na Irmandade Betânia e servindo ativamente ao próximo. “É um privilégio termos um Pai no céu que fala conosco e interage e quando Ele fala a melhor coisa que temos de fazer é obedecer. Deus não quer filhos infalíveis, Ele quer comunhão”, conclui.


Quando questionados sobre como se sentem ao ver a Irmandade Betânia atualmente, eles contam que se alegram e, que apesar das mudanças estarem acontecendo, tudo isso vem para um propósito maior, servir ao próximo. “Se antes as diaconisas usavam o ‘hábito’ e eram numerosas, hoje vemos o contrário. Isso não é o problema, podemos constituir família, seguir carreiras e trabalhar em ambientes seculares e ainda assim, servir a Deus integralmente no ambiente onde estejamos inseridos. A diaconia é integral, é serviço e não uma profissão”, conclui Walter.


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